Roteiro de turismo histórico e de natureza pelo Pantanal e cidades coloniais de Mato Grosso do Sul
Roteiro de turismo histórico e de natureza pelo Pantanal e cidades coloniais de Mato Grosso do Sul

Roteiro de turismo histórico e de natureza pelo Pantanal e cidades coloniais de Mato Grosso do Sul

Por que unir turismo histórico e natureza no Mato Grosso do Sul

Viajar pelo Mato Grosso do Sul é entrar em contato com duas dimensões muito fortes da identidade brasileira: a história de fronteira, marcada por cidades coloniais e pela Guerra do Paraguai, e uma das naturezas mais exuberantes do planeta, o Pantanal. Um roteiro que combine ambos oferece uma viagem completa, em que você alterna entre museus, igrejas antigas, fazendas seculares, rios cristalinos, fauna abundante e pôr do sol alaranjado sobre as planícies alagadas.

Este roteiro é pensado para quem quer conhecer o Pantanal em profundidade, mas também deseja entender como se formaram as cidades da região, como Corumbá, Miranda e Aquidauana, e como essa história está gravada na arquitetura colonial, nos costumes locais e na gastronomia pantaneira.

Melhor época para viajar e quanto tempo ficar

O Pantanal muda completamente ao longo do ano, e isso influencia tanto a experiência na natureza quanto as atividades nas cidades históricas:

  • Estação seca (geralmente de maio a setembro): melhor época para avistar animais, estradas mais transitáveis, clima mais ameno. Ideal para safáris fotográficos, caminhadas e passeios de barco em rios de nível mais baixo.
  • Estação de cheias (geralmente de outubro a abril): paisagens mais dramáticas, muita água, vegetação exuberante. Alguns trechos de estrada ficam mais desafiadores, mas a experiência pantaneira é intensa, com muitos pássaros e áreas inundadas.

Recomenda-se pelo menos 7 a 10 dias para um roteiro que combine Pantanal e cidades coloniais de Mato Grosso do Sul, distribuindo o tempo entre:

  • Campo Grande (porta de entrada urbana e gastronômica)
  • Aquidauana e Miranda (acesso ao Pantanal, fazendas históricas)
  • Corumbá e Ladário (forte herança histórica, arquitetura e Rio Paraguai)

Campo Grande: porta de entrada e introdução à cultura sul-mato-grossense

Campo Grande costuma ser o ponto de chegada para quem vem de outras regiões do Brasil. A capital em si não é colonial no mesmo sentido que Corumbá, mas é fundamental para compreender o mosaico cultural do estado.

Reserve de 1 a 2 dias para:

  • Se ambientar: clima, horários, câmbio (se vier de fora), compra de itens de viagem como chapéu, protetor solar, repelente, botas leves e roupas com proteção UV.
  • Provar a gastronomia: pratos com peixe de água doce, como pacu e pintado, sobá (influência japonesa), tereré (erva-mate gelada) e doces à base de guavira, a fruta símbolo do estado.
  • Visitar o Mercado Municipal e feiras locais: ótimos lugares para comprar cuias de tereré, facas artesanais, chapéus pantaneiros, camisetas temáticas e artesanato indígena da região.

Nesta etapa, aproveite para organizar equipamentos essenciais que vão fazer diferença no Pantanal:

  • Binóculos de boa qualidade para observação de aves e mamíferos;
  • Capa de chuva leve e dobrável, especialmente se for na época das cheias;
  • Sacos estanques ou capas impermeáveis para mochila, câmeras e eletrônicos;
  • Lanterna de cabeça para caminhadas noturnas e uso nas fazendas.

Aquidauana e Miranda: fazendas históricas e a transição para o Pantanal

Saindo de Campo Grande, a BR-262 leva até Aquidauana e Miranda, dois importantes portões terrestres do Pantanal sul-mato-grossense. Aqui, a paisagem começa a mudar: o cerrado vai dando lugar às áreas alagáveis e às fazendas pecuárias centenárias.

Em Aquidauana, vale explorar:

  • Casarões antigos e a estação ferroviária: a antiga estrada de ferro marcou o desenvolvimento da cidade. Alguns prédios preservam a memória do ciclo econômico que aproximou o Pantanal do restante do Brasil.
  • Rio Aquidauana: passeios de barco, pesca esportiva (em áreas permitidas) e observação de aves são atividades populares.
  • Fazendas-hotel: muitas delas são propriedades com mais de 100 anos, onde é possível vivenciar o dia a dia pantaneiro, cavalgar, acompanhar o manejo do gado e degustar pratos típicos, como arroz carreteiro e churrasco de chão.

Já em Miranda, a atmosfera histórica também está presente:

  • Centro urbano com traços coloniais: casarões, igrejas e praças antigas remetem ao passado de fronteira e conflitos.
  • Proximidade com terras indígenas: a região é território de diferentes povos, e alguns roteiros autorizados permitem contato responsável com artesanato indígena, cantos e histórias orais.
  • Fazendas às margens do Rio Miranda: são excelentes bases para safáris fotográficos, passeios em veículo 4×4 e cavalgadas ao amanhecer, quando a fauna está mais ativa.

Estrada Parque e o coração pantaneiro

Entre Miranda e Corumbá, um dos grandes destaques é a Estrada Parque do Pantanal, um trecho icônico de estrada de terra e pontes de madeira que corta áreas inundáveis. É um dos melhores lugares para observar a fauna à beira da estrada: jacarés, capivaras, tuiuiús, araras-azuis, cervos e, com sorte, até onças-pintadas.

Algumas recomendações importantes:

  • Faça o trajeto com guias locais ou agências especializadas, especialmente na época de chuvas.
  • Leve binóculos, câmeras com lente de zoom e cartões de memória extras.
  • Use roupas de cores neutras e discretas, para não espantar os animais.
  • Repelente e camisa de manga comprida são essenciais contra mosquitos.

Ao longo da Estrada Parque e região, muitas fazendas históricas funcionam como pousadas. Elas contam a história da pecuária pantaneira, da navegação fluvial e da ocupação da fronteira, muitas vezes conservando mobiliário antigo, fotografias de família e relatos da época em que a comunicação com o restante do país era quase exclusivamente pelos rios.

Corumbá: cidade histórica às margens do Rio Paraguai

Chegar a Corumbá é encontrar uma das faces mais marcantes da história sul-mato-grossense. A cidade é um verdadeiro museu a céu aberto, com forte influência da Guerra do Paraguai, do ciclo da erva-mate, da navegação fluvial e da imigração boliviana.

Pontos imperdíveis para quem busca turismo histórico:

  • Centro histórico de Corumbá: ruas com calçamento antigo, fachadas coloniais e neoclássicas, sobrados coloridos e varandas de ferro trabalhado. Caminhar pelo centro é um convite à fotografia e à imaginação sobre como era a vida nos séculos XIX e início do XX.
  • Casario do Porto Geral: às margens do Rio Paraguai, estes prédios abrigavam comerciantes, depósitos e escritórios ligados à navegação e exportação. Hoje, muitos se transformaram em bares, lojas de artesanato e pontos de partida para passeios de barco.
  • Igrejas históricas: como a Igreja Nossa Senhora da Candelária, que guarda elementos arquitetônicos e rituais tradicionais.
  • Fortificações e memoriais: alguns espaços mantêm viva a memória da Guerra do Paraguai e da importância estratégica de Corumbá como cidade de fronteira.

Corumbá também é excelente base para um turismo de natureza complementar ao vivido nas fazendas:

  • Passeios de barco ao entardecer pelo Rio Paraguai, com observação de aves e o horizonte pantaneiro.
  • Expedições de pesca esportiva em rios e baías próximos (sempre respeitando o defeso e as regras de conservação).
  • Visitas a áreas de conservação e reservas privadas, com trilhas e mirantes.

Ladário e a vida de fronteira

A poucos quilômetros de Corumbá, Ladário é uma cidade menor, mas com forte conexão naval e histórica. Sua posição às margens do Rio Paraguai reforça a sensação de estar em uma fronteira viva, em que o movimento de barcos e a presença militar ajudam a contar a história da região.

Para quem tem interesse em história:

  • É possível observar a atividade portuária e compreender a importância dos rios como vias de comunicação no passado.
  • Visitar igrejas e praças que preservam a rotina de uma cidade de fronteira, com forte presença cultural boliviana.

Experiências culturais e gastronômicas ao longo do roteiro

Ao atravessar Campo Grande, Aquidauana, Miranda, Corumbá e Ladário, o viajante tem contato com um caldeirão cultural único. Alguns destaques:

  • Culinária pantaneira: pratos com carne de sol, pacu assado, sopa paraguaia, chipa, churrasco pantaneiro, doce de guavira, empanadas e salteñas de influência boliviana.
  • Música e dança: chamamé, polca paraguaia e ritmos regionais tocam em festas e eventos locais. Em algumas fazendas, peões e músicos organizam rodas de violão à beira do fogo.
  • Artesanato regional: cuias de tereré, peças em couro, redes, chapéus, objetos em madeira e artesanato indígena (em especial terena, guarani e outros povos da região).

Para quem gosta de levar a viagem para casa, é uma ótima oportunidade de comprar:

  • Vestimentas funcionais para trilha e cavalgada (camisas com proteção solar, calças leves, botas ou tênis de trekking);
  • Equipamentos para observação da fauna (binóculos, lanternas, capas de chuva técnicas);
  • Produtos gastronômicos locais, como erva-mate para tereré, doces regionais e farinhas típicas.

Dicas práticas para organizar o roteiro

Para aproveitar ao máximo a combinação entre turismo histórico e natureza no Pantanal e nas cidades coloniais de Mato Grosso do Sul, vale atentar para alguns pontos:

  • Planejamento de deslocamento: as distâncias são grandes e muitas estradas são de terra. Avalie se irá alugar carro, contratar transfers com agências ou usar transporte público (mais limitado em alguns trechos).
  • Hospedagens estratégicas: combine estadias em fazendas-hotel (para imersão na natureza) com pousadas mais centrais nas cidades históricas (para explorar a pé igrejas, museus e casarios).
  • Guias locais: indispensáveis para entender a história por trás de cada construção antiga, dos conflitos de fronteira e da própria formação do Pantanal. Além disso, guias especializados em fauna aumentam suas chances de observar animais emblemáticos, como a onça-pintada.
  • Cuidados com saúde e segurança: leve seguro viagem, repelente, chapéu, óculos de sol, garrafa reutilizável para água e protetor solar. Em fazendas e trilhas, siga sempre as orientações de guias e funcionários.

Um roteiro bem planejado pelo Pantanal e pelas cidades coloniais de Mato Grosso do Sul une paisagens alagadas, pôr do sol inesquecível, silêncio de fazenda, canto de araras e casarões cheios de memórias. É uma oportunidade de viver o Brasil profundo, onde história, natureza e cultura formam uma experiência de viagem rica, intensa e transformadora.

You may also like...